quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Alma Nua

Ó Pai

Não deixes que façam de mim

O que da pedra tu fizestes

E que a fria luz da razão

Não cale o azul da aura que me vestes



Dá-me leveza nas mãos

Faze de mim um nobre domador

Laçando acordes e versos

Dispersos no tempo



Pro templo do amor

Que se eu tiver que ficar nu

Hei de envolver-me em pura poesia

E dela farei minha casa, minha asa



Loucura de cada dia

Dá-me o silêncio da noite

Pra ouvir o sapo namorar a lua

Dá-me direito ao açoite



Ao ócio, ao cio

À vadiagem pela rua

Deixa-me perder a hora

Pra ter tempo de encontrar a rima



Ver o mundo de dentro pra fora

E a beleza que aflora de baixo pra cima

Ó meu Pai, dá-me o direito

De dizer coisas sem sentido



De não ter que ser perfeito

Pretérito, sujeito, artigo definido

De me apaixonar todo dia

De ser mais jovem que meu filho



E ir aprendendo com ele

A magia de nunca perder o brilho

Virar os dados do destino

De me contradizer, de não ter meta

Me reinventar, ser meu próprio Deus

Viver menino, morrer poeta...


(Vander Lee)


Vídeo ao vivo: http://www.youtube.com/watch?v=tgVbDc2QlbA&feature=player_embedded

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